O episódio que circulou nas redes sociais na última quinta-feira (4) escancarou, mais uma vez, a precariedade do transporte coletivo de Campo Grande. Um ônibus da linha 051, do Consórcio Guaicurus, perdeu a roda dianteira em plena Rua Pirituba, no bairro Guanandi. Passageiros relataram fumaça, barulho e cheiro de queimado. Ninguém se feriu, mas a cena, registrada em vídeo, reforçou o temor da população que depende diariamente de um sistema considerado obsoleto e inseguro.
No centro desse debate está a CPI do Consórcio Guaicurus, que investiga falhas operacionais, renovação da frota e questões financeiras do contrato de 30 anos com a empresa. A comissão entrou em fase decisiva e tem até o fim de setembro para entregar o
relatório final.
A vereadora Ana Portela (PL), relatora da CPI, reagiu com indignação ao incidente:
“É revoltante ver cenas como essa acontecendo de forma recorrente na nossa cidade. Da minha parte, como relatora da CPI, não tenham dúvidas de que absolutamente todos os apontamentos serão feitos para que esse caos seja resolvido. Quem quer resultado, age. Quem quer espetáculo, só faz barulho. Logo o relatório será entregue e assim veremos quem realmente está do lado da população.”
A fala sintetiza dois pontos centrais de sua condução: firmeza contra a morosidade e empatia com os usuários, Ana já foi usuária do sistema e traz esse olhar direto para sua atuação.
Ao longo dos trabalhos, a CPI identificou discrepâncias graves nas contas do consórcio. Um dos destaques foi o aumento superior a 4.000% nas despesas não operacionais entre 2016 e 2021, dado que levantou questionamentos sobre transparência e gestão dos recursos.
O prazo para a entrega do relatório foi prorrogado a pedido dos demais membros da CPI, que solicitaram tempo para acrescentar novos apontamentos. A relatora, no entanto, garante que sua parte já está concluída: segundo Ana, o documento está pronto, bem embasado e contempla absolutamente todas as informações necessárias para esclarecer a situação do transporte coletivo em Campo Grande. A expectativa é que apresente não só as falhas encontradas, mas também propostas objetivas para reestruturar o transporte coletivo
da capital.
A crise do transporte público em Campo Grande não se resume a ônibus quebrados ou atrasos: envolve contratos milionários, a confiança do usuário e a responsabilidade do poder público em garantir um serviço seguro.
Nesse cenário, a atuação da relatora da CPI ganha relevância. Ao mesmo tempo em que denuncia falhas técnicas e financeiras, Ana Portela conecta-se à indignação da população e pressiona por mudanças reais, marcando posição contra o que chama de “espetáculo político”.
Com o caso da roda solta viralizando, a reta final da CPI se tornou também um teste de credibilidade: entre a descrença dos passageiros e as cobranças de resultado, o relatório de Ana Portela poderá definir os próximos rumos do transporte público da cidade.
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