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O JABUTI QUE DESAFIOU O TEMPO: 10 ANOS SOTERRADO E UMA HISTÓRIA DE SOBREVIVÊNCIA INCRÍVEL

Marcada pelo inesperado e por um animal que se tornou sinônimo de resistência, a reforma da casa de Luiza Coelha virou manchete nacional.

20/02/2025 10h13 Atualizada há 2 meses
Por: Redação
O JABUTI QUE DESAFIOU O TEMPO: 10 ANOS SOTERRADO E UMA HISTÓRIA DE SOBREVIVÊNCIA INCRÍVEL

Buscando solucionar uma infiltração no piso de sua casa em Itacajá, Tocantins, Luiza Coelha, de 60 anos, não poderia imaginar o que estava prestes a descobrir. Logo que o pedreiro começou a quebrar a cerâmica, algo surpreendente surgiu debaixo do piso. “O pedreiro viu que a cerâmica estava fofa e achou que era um vazamento de água. Foi quando ele encontrou o jabuti. Ficamos todos muito surpresos na hora", relembra Luiza.  

Os barulhos, a movimentação, tudo parecia o início de uma reforma comum. No entanto, logo a poeira deu lugar à comoção. Um jabuti-tinga, identificado como pertencente à espécie Chelonoidis denticulata, foi retirado de sua "sepultura acidental" após, possivelmente, passar uma década soterrado ali.  

Luiza acredita saber de onde veio o inusitado morador. "Foi inacreditável. Pensamos que esse jabuti veio pela carreta de cascalho que pedimos há mais de nove anos para colocar no fundo, de casa, e ele deve ter vindo junto, bem pequenininho. Quando o retiramos, vimos que ele tinha algumas deformações no casco, provavelmente causadas pelo tempo todo imprensado contra a cerâmica", explica.  

Apesar da condição adversa em que foi encontrado, o animal demonstrou resistência impressionante para sobreviver sem luz solar, com pouca alimentação e escassos recursos. Após ser colocado em um banheiro para segurança, ficou claro:

O jabuti, agora apelidado carinhosamente de "Resistente", estava com fome. "Quando o colocamos no banheiro, vimos que as fezes dele era terra. Agora estamos o alimentando com frutas e verduras, como banana e alface. Ele está comendo bem o que oferecemos", conta Luiza.  

O caso chamou a atenção de especialistas. Segundo o biólogo Aluísio Vasconcelos de Carvalho, a sobrevivência desse jabuti é uma lição sobre a adaptabilidade da fauna. Ele explica que fatores como o metabolismo lento dos jabutis e a umidade do local foram cruciais.

"Acreditamos que ele entrou ainda filhote e, à medida que cresceu, se adaptou. Por ser onívoro, ele consegue consumir uma variedade de alimentos. No caso, provavelmente sobreviveu comendo pequenos insetos presentes naquele ambiente. A entrada de oxigênio e a umidade do solo o ajudaram a resistir por tanto tempo", afirma o especialista.  

Além do metabolismo reduzido, o jabuti possivelmente entrou em brumação, um estado de dormência caracterizado pela redução drástica das necessidades energéticas. Essa habilidade peculiar de sobrevivência reforça a resistência da espécie, conhecida por se adaptar em condições extremas.  

Porém, os anos de confinamento e a deficiência nutricional deixaram marcas no animal, visíveis nas deformações no casco e em sua pele sensível. "Ele precisa de cuidados veterinários, reabilitação com exposição gradual à luz solar sob baixas intensidades e uma alimentação rica em frutas e verduras para restabelecer sua saúde", diz Carvalho.  

A descoberta ganhou grande repercussão nas redes sociais, com milhares de pessoas fascinadas pela resistência do jabuti e emocionadas com o relato de Luiza. Fotos e vídeos do momento em que "Resistente" foi encontrado viralizaram.  

Enquanto o jabuti aguarda encaminhamento para o Centro de Fauna do Instituto Natureza do Tocantins, o caso deixa reflexões sobre a incrível capacidade dos seres vivos de se adaptarem a condições extremas e o quanto a natureza é, tantas vezes, uma fonte de surpresa.  

Para Luiza, o encontro inusitado também trouxe gratidão. "Agora, só queremos garantir que ele receba o cuidado que merece. Esse bicho é um sobrevivente, e cuidamos dele como cuidamos da nossa família. Nunca imaginei que algo assim poderia acontecer aqui em casa."

 

 
 
 
 
 
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Íntegra da nota do Instituto Natureza do Tocantins

 

O Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) informa que o jabuti-tinga encontrado em Itacajá, após possivelmente passar anos soterrado, precisa de cuidados veterinários para avaliar sua condição de saúde e iniciar um tratamento adequado.

Para que o Naturatins encaminhe ao Centro de Fauna (CEFAU) é necessário que a moradora entre em contato por meio do Linha Verde 0800 063 11 55 ou mensagem de texto pelo Linha Verde Zap (63) 99106-7787 e forneça as informações necessárias para o resgate, que também pode ser feito pelo Batalhão de Polícia Militar Ambiental e Corpo de Bombeiros, por meio dos canais de comunicação destas instituições com as quais o Naturatins tem acordos de cooperação.

Até que o animal seja encaminhado, a orientação é que o mantenha temporariamente em um ambiente seguro, com temperatura controlada e acesso à luz solar indireta. Ofereça água limpa e fresca para hidratação. A alimentação deve ser introduzida gradualmente, com frutas, verduras e folhas adequadas para a espécie.

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