Dezembro é vermelho porque é urgente! O laço vermelho que ilumina o último mês do ano não é apenas símbolo, mas memória e movimento. É a cor do cuidado, da resistência e da informação que salva vidas.
Em Mato Grosso do Sul, essa mobilização ganhou força permanente com a Lei Estadual 5.684/2021 , de autoria do deputado Zé Teixeira (PL), que oficializou o Dezembro Vermelho no calendário sul-mato-grossense, reforçando a Lei Federal 13.504/2017 , que instituiu a campanha nacional de prevenção ao HIV, à Aids e às ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis).
Desde então, todos os anos, o Estado se volta novamente a um recado simples e poderoso: prevenir é proteger, falar é libertar, testar é viver.
Da sentença de morte ao controle total: a virada histórica
Houve um tempo em que o HIV era sinônimo de medo, pois o silêncio matava mais do que o vírus. Os tratamentos eram experimentais, dolorosos e incertos.
Fernando Cruz, artista sul-mato-grossense, viveu esse tempo: “Nós éramos como cobaias. Os primeiros coquetéis geravam alergias, desequilíbrios, estados de coma. Mas, com nossa luta, o Brasil criou um dos programas de enfrentamento da Aids mais avançados do mundo”.
Hoje, a realidade mudou radicalmente, uma vez que a Terapia Antirretroviral (TARV) é simples, acessível pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e, em muitos casos, feita com apenas um comprimido ao dia.
Segundo o médico infectologista Maurício Pompilio, isso significa qualidade de vida real. “A pessoa vivendo com HIV pode manter carga viral indetectável e, quando isso acontece, não transmite”.
Prevenção combinada: caminhos que salvam vidas
O Brasil já cumpre duas das três metas globais de enfrentamento estabelecidas pela Organização das Nações Unidades (ONU): 96% das pessoas vivendo com HIV estão diagnosticadas e 95% têm carga viral indetectável. O desafio é elevar o número de pessoas em tratamento contínuo — hoje em 82%.
Em Mato Grosso do Sul, segundo a SES (Secretaria de Estado de Saúde), vivem com HIV 13.347 pessoas, sendo cerca de 67% homens e 33% mulheres. A faixa mais afetada está entre 25 e 39 anos.
Apesar dos avanços, jovens entre 15 e 29 anos concentram a maior parte das novas infecções. Reflexo de um fenômeno preocupante apontado por especialistas: a queda na percepção de risco.
Pompilio explica: “Muitos usam preservativo na primeira relação, mas não mantêm esse cuidado. O álcool e outras drogas também interferem na tomada de decisão”.
Por isso, o Dezembro Vermelho reforça a ideia-chave de que não existe uma única forma de prevenção , mas um conjunto de possibilidades: camisinha, PrEP (profilaxia pré-exposição), PEP (profilaxia pós-exposição), DoxyPEP, testagem rápida e informação qualificada. E tudo isso é gratuito pelo SUS.
Números
Nos últimos cinco anos, conforme o Boletim Epidemiológico 2024/2025 do Ministério da Saúde, o Brasil apresentou uma média anual de 33 mil novos casos de HIV, com mortalidade em queda de 4,1 para 3,9 óbitos por 100 mil habitantes.
Já em Mato Grosso do Sul, foram registrados 20,7 casos de Aids por 100 mil habitantes em 2024, colocando o Estado em nono lugar no ranking nacional. De acordo com o boletim, 11,2 mil pessoas estavam em tratamento pelo SUS, sendo que a mortalidade caiu 7,8% na última década.
Em relação aos novos casos de HIV em Mato Grosso do Sul, dados da Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica apontam 839 em 2011, 903 em 2022, 883 em 2023, 836 em 2024 e 665 em 2025 (preliminar).
Mesmo com queda recente, a atenção precisa ser permanente, conforme explica o deputado Zé Teixeira. “Os avanços são grandes, mas não há motivo para descuido. Diagnóstico precoce e prevenção continuam essenciais”.
Silêncio perigoso
André Tristão, ator e diretor, descobriu sua sorologia há 10 anos em um exame de rotina. O diagnóstico só não foi devastador porque ele encontrou acolhimento da mãe enfermeira, dos profissionais e do SUS.
Ele traduz em palavras a realidade mais urgente deste tema: “O HIV nunca foi o maior inimigo. O inimigo sempre foi o silêncio. O preconceito mata. A informação salva”.
Hoje, André é indetectável, saudável e protagonista de sua própria história. “Eu vivo, trabalho, amo. Transformo minhas dores em arte. Me tornei indetectável em um mês. São dez anos de vida plena desde então”.
A fala dele desmonta outros mitos: Aids não tem cara, HIV nunca teve rosto.
Cuidado que acompanha diariamente
A presidente do Conselho Regional de Farmácia de Mato Grosso do Sul (CRF-MS), Daniely Proença, destaca o papel essencial desses profissionais. “Eles monitoram medicamentos, identificam reações adversas, orientam horários, rotinas e regularidade da TARV, pedem e avaliam exames, prescrevem e acompanham PrEP e PEP, realizam testagem rápida”.
“Farmacêuticos ajudam a manter mais de 95% das doses em dia, criam vínculo, acolhem e educam. São fundamentais para adesão e prevenção”, completa Daniely.
Preconceito e vida plena
A ciência avançou, o SUS garante tratamento, a informação é clara, mas o estigma ainda pesa.
Fernando Cruz lembra: “A Aids nunca esteve restrita a um grupo. O preconceito é moral, não científico. A prevenção é para todos. O cuidado é para todos”.
André confirma: “Quando pessoas vivendo com HIV aparecem, trabalham, criam, existem sem esconder nada… o preconceito perde força”.
O Dezembro Vermelho é símbolo, alerta e convite. Convida ao teste, à prevenção, ao cuidado e ao diálogo. Também chama à coragem de romper o estigma.
Em Mato Grosso do Sul, a política pública está posta por meio de leis, campanhas, capacitações, serviços e equipes especializadas. Mas nenhuma política funciona se as pessoas continuarem caladas ou com medo. Porque, hoje, a frase mais transformadora é também a mais simples: ‘Com tratamento, o HIV se controla. Com informação, o preconceito desmorona. E com prevenção, a vida segue livre, plena e possível.
Confira aqui algumas leis estaduais que tratam do tema em Mato Grosso do Sul.
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