A opinião pública brasileira foi surpreendida recentemente com uma carta abrangente e contundente escrita por Kakay. No documento, amplamente repercutido em grupos do governo, Kakay expõe críticas e preocupações quanto aos rumos do governo de Luís Inácio Lula da Silva em seu terceiro mandato, traçando um cenário marcado por isolamento político, governabilidade comprometida e enfraquecimento do Partido dos Trabalhadores (PT).
A carta e os debates a ela associados oferecem uma análise profunda do desgaste sofrido pela atual administração federal, contextualizando-o em dinâmicas políticas, ideológicas e institucionais complexas. Kakay, optou por um tom crítico que surpreendeu não apenas apoiadores do governo, mas também a oposição — trazendo à tona um diagnóstico que reflete uma possível crise de confiança dentro da base aliada.
Antônio Carlos de Almeida Castro, ou Kakay, muito conhecido por sua sempre presença com quadros progressistas, é o advogado criminalista mais prestigiado entre os petistas e ministros do STF. Por sua grande proximidade com o presidente Lula, chegou a ser citado como um dos articuladores da "descondenação" do presidente junto ao Supremo Tribunal Federal. O mesmo promoveu festa com direito a "sambinha", onde teve a presença de Lula, e alguns ministros do STF, como Alexandre de Moraes.
O ponto principal da análise de Kakay reside na suposta “nova face” de Lula, bastante distinta daquela que marcou os mandatos anteriores do petista (2003-2010), principalmente em termos de articulação política e capacidade de mobilização popular. Segundo o advogado, o presidente se encontra “isolado, capturado e sem pessoas ao seu redor capazes de dizer o que ele deveria ouvir”. Essa distância de antigos aliados políticos e estratégicos é descrita como um enfraquecimento preocupante, especialmente em um cenário no qual o governo luta para consolidar apoio em um Congresso dominado pelo centrão e por forças de oposição estruturadas.
Kakay relata que Lula parece ter perdido sua habilidade de seduzir interlocutores políticos e de articular soluções para os impasses no Congresso Nacional — um traço central em sua trajetória anterior. Ele enfatiza que esse isolamento é agravado pela dificuldade de Lula em manter interlocutores experientes por perto, além do abandono gradual de figuras relevantes no próprio PT.
Em tom ainda mais direto, Kakay observa que a administração do atual governo pode estar cavando sua própria derrota política. Ele menciona inclusive que a rejeição enfrentada por Lula é um reflexo de decisões desacertadas e falta de diálogo, algo que poderia comprometer seriamente o futuro do partido nas eleições de 2026.
Outro ponto marcante da análise de Kakay é a comparação entre seus perceptíveis três governos. Conforme apontado na carta, Lula 3 seria fundamentalmente diferente de suas versões anteriores. Enquanto os dois primeiros mandatos foram marcados por crescimento econômico e programas emblemáticos, como o Bolsa Família e a consolidação das relações com o Congresso, o terceiro mandato — segundo Kakay — enfrenta desafios mais complexos, tanto pelo cenário nacional quanto pelo perfil do próprio presidente, que pareceria distante, desgastado e incapaz de responder à altura das dificuldades atuais.
Ademais, Kakay ressalta que o governo Lula enfrenta hoje um cenário político internacional adverso, caracterizado pela ascensão da direita e pela fragmentação de partidos progressistas, fatores que tornam ainda mais difícil replicar o modelo de governabilidade bem-sucedido de seus anos anteriores.
A análise apresentada na carta revela também uma crise iminente no seio do Partido dos Trabalhadores e da base governista de Lula. Kakay observa que os aliados mais estratégicos e leais do partido têm gradualmente “pulado do barco” diante da incapacidade do governo de garantir estabilidade interna e dialogar com aliados de centro-direita no Congresso.
Esse cenário reflete uma realidade política conhecida de governos anteriores. Durante o segundo mandato de Dilma Rousseff, sua incapacidade de articular com os parlamentares e de manter uma base de apoio coesa resultou no processo de impeachment de 2016. Embora, no caso de Lula, o contexto seja distinto, muitos analistas enxergam paralelos preocupantes, especialmente no que diz respeito a uma governabilidade comprometida por tensões internas e dificuldades de articulação externa.
A carta ganhou considerável atenção tanto de aliados quanto de adversários do governo. Figuras da oposição enxergaram no texto de Kakay uma crítica legítima aos rumos do governo, enquanto também apontaram para a possibilidade de enfraquecimento da confiança interna dentro do PT. Por outro lado, setores governistas e importantes articuladores do partido rebateram a análise, alegando que ela não reflete as verdadeiras intenções do advogado, mas sim, um “alarme exagerado”.
A oposição, por sua vez, celebrou as observações do criminalista, utilizando-as para ilustrar o que consideram ser os "erros estratégicos" do governo Lula. Como afirmou a deputada Carla Zambelli em rede social: “Até mesmo apoiadores históricos do PT começam a enxergar que o governo carece de direção e enfrenta um desgaste irremediável.”
Contudo, figuras pró-governo preferiram relativizar as observações, atribuindo-as à liberdade de expressão típica de indivíduos influentes no meio jurídico. “Kakay sempre foi muito respeitado no Brasil, mas nesse caso, acho que a análise é imprecisa. O governo tem avançado, particularmente nas questões sociais, mesmo com dificuldades na política”, pontuou um senador ligado à base governista.
A crise de isolamento político destacada por Kakay pode ter implicações diretas no cenário eleitoral de 2026. Para ele, fica claro que o presidente enfrenta dificuldades para unificar sua própria base eleitoral, o que abre espaço para o fortalecimento da oposição e para a reorganização de forças como o bolsonarismo e outras correntes de direita.
Essa visão é corroborada por especialistas como o cientista político Carlos Pereira, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Em entrevista recente ao Valor Econômico, Pereira destacou que a governabilidade é um ponto-chave para o atual governo, considerando o Congresso hostil em sua maioria. “Se Lula não mostrar iniciativas concretas, o desgaste será inevitável até 2026”, disse.
Sua mensagem sugere que, para reverter embalagens de desgaste, o governo precisará repensar sua estratégia política profundamente. Será necessário reconstruir pontes que liguem o Planalto à base do Congresso e à sociedade como um todo. O isolamento, segundo Kakay, não é apenas uma falha estratégica — é um risco existencial para o legado e a estabilidade de Lula.
Lula, a esperança da democracia.
“Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro”, Clarice Lispector.
Lula ganhou três vezes e elegeu Dilma como sua sucessora. À época elegeria o qualquer de seus Ministros pois era imbatível.
Certa vez, conversando com um senador do PT, ele me disse que tinha um ano tentava uma audiência com a presidenta Dilma. Ela não fazia política. Sofreu impeachment.
Um dia no Governo Lula um senador da oposição me liga as 11 h da manhã e reclama que tinha assumido há 15 dias – era suplente – e que não havia sido recebido pelo Zé Dirceu, chefe da Casa Civil. Liguei para o Zé. Às 12h30 a gente estava almoçando no Palácio do Planalto. O Zé – de longe o mais preparado dos ministros – deu um show discorrendo sobre o Estado de origem do Senador, que saiu de lá com o número do celular do Zé e completamente encantado.
Neste atual governo Lula fez o que de melhor podia ao enfrentar Bolsonaro e ganhar do fascismo impedindo que tivéssemos mais quatro anos de Bolsonaro. Seria o fim da democracia. Seriam destruídas de maneira irrecuperável tudo que foi construído nos governos democráticos, não só do PT. O fascismo acaba com tudo. Este o maior legado do Lula. Para tanto foi necessário, senão não teríamos ganhado, fazer uma aliança ampla demais. Só o Lula conseguiria unir e fazer este amplo arco para derrotar Bolsonaro Aqui em casa, no dia da diplomação, 12 de dezembro, determinado político se aproximou em um momento em que Lula e eu conversávamos, colocou amistosamente a mão no meu ombro e fez uma brincadeira. Ao sair da roda o Lula me falou baixinho, rindo: “Este jamais será meu ministro, e acha que vai ser.” Dia 1º de janeiro ele assumiu como ministro. Este o brilhantismo do Lula neste momento difícil. Não fosse sua maturidade não teríamos tido chance de vencer o fascismo. Por isto cometo aqui certa indelicadeza de comentar este fato: para ressaltar a maturidade do presidente Lula.
Mas o Lula do 3º mandato, por circunstâncias diversas, políticas e principalmente pessoais, é outro. Não faz política. Está isolado. Capturado. Não tem ao seu lado pessoas com capacidade de falar o que ele teria que ouvir. Não recebe mais os velhos amigos políticos e perdeu o que tinha de melhor: sua inigualável capacidade de seduzir, de ouvir, de olhar a cena política.
Outro dia alguns políticos me confidenciaram que não conseguem falar com o Presidente. É outro Lula que está governando.
Com a extrema-direita crescendo no mundo e, evidentemente aqui no Brasil, o quadro é muito preocupante. Sem termos o Lula que conhecíamos como Presidente e sem ele ter um grupo que ele tinha ao seu redor, corremos o risco do que parecia impossível: perdermos as eleições em 2026. Bolsonaro só perdeu porque era um inepto. Tivesse ouvido o Ciro Nogueira e vacinado, ou ficado calado sem ofender as pessoas, teria ganho com a quantidade de dinheiro que gastou. Perder uma reeleição é muito difícil, mas o Lula está se esforçando muito para perder. E não duvidem dele, ele vai conseguir.
Claro que as circunstâncias estão favoráveis ao projeto de perder as eleições. Não dou tanto importância para estas pesquisas feitas o tempo todo. Mas prestei atenção nesta que indica que 62% não querem que Lula seja candidato a reeleição. A pergunta é: quem é seu sucessor natural? Não foi feito um grupo ao redor do presidente, que se identifique com ele e de onde sairia o sucessor político natural, o “grupo” do Lula a gente sabe quem é. E certamente não vai tirá-lo do isolamento. Ele hoje é um político preso à memória do seu passado. E isolado. Quero acreditar na capacidade de se reencontrar. Quem se refez depois de 580 dias preso injustamente, pode quase tudo. E nós temos o Haddad, o mais fenomenal político desta geração em termos de preparo. Um gênio. Preparado e pronto para assumir seu papel.
Já fico olhando o quadro e torcendo para o crescimento de uma direita civilizada. Com a condenação do Bolsonaro e a prisão, que pode se dar até setembro, nos resta torcer para uma direita centrista, que afaste o fascismo.
Que Deus se apiede de nós!
É necessário lembrar o mestre Torquato Neto no Poema do Aviso Final:
“É preciso que haja algum respeito , ao menos um esboço ou a dignidade humana se afirmará a machadada”.
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