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EM NOVA PESQUISA DO DATAFOLHA, DESAPROVAÇÃO AO GOVERNO LULA CHEGA A 41%, A MAIOR DE SEUS TRÊS MANDATOS

Pesquisa Datafolha revela queda expressiva na popularidade do presidente em meio à inflação, crise econômica e medidas impopulares; insatisfação aumenta entre eleitores historicamente favoráveis ao petista.

14/02/2025 18h09 Atualizada há 4 semanas
Por: Redação
EM NOVA PESQUISA DO DATAFOLHA, DESAPROVAÇÃO AO GOVERNO LULA CHEGA A 41%, A MAIOR DE SEUS TRÊS MANDATOS

A mais recente pesquisa do instituto Datafolha trouxe números preocupantes para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Divulgados na última sexta-feira, os dados mostram que a desaprovação do governo federal subiu para 41%, o maior índice registrado nos três mandatos de Lula. A aprovação, por outro lado, caiu para 24%, representando uma queda de 11 pontos percentuais em apenas dois meses. Outros 32% consideram a gestão "regular", enquanto 2% não souberam responder.

Segundo o levantamento, realizado em 113 cidades brasileiras com cerca de 2.007 entrevistas presenciais, os índices refletem um momento tenso para o governo, que enfrenta desafios crescentes, como a escalada da inflação de alimentos, dificuldades na comunicação com a opinião pública, e um cenário de desconfiança econômica. Além disso, medidas polêmicas e declarações do presidente têm gerado insatisfação mesmo entre seus apoiadores históricos, especialmente no Nordeste e na população de baixa renda.

Reprovação em alta: o que dizem os números

Os números da pesquisa revelam um cenário desfavorável comparado ao levantamento anterior, realizado em dezembro de 2024. Em apenas dois meses:  
- A aprovação caiu de 35% para 24% (apenas 1 em cada 4 brasileiros avalia o governo como “ótimo” ou “bom”);  
- A desaprovação subiu de 34% para 41%, um aumento de 7 pontos percentuais;  
- O índice de pessoas que consideram o governo “regular” subiu de 29% para 32%.

Para efeito de comparação histórica, Lula tinha uma aprovação de 31% no mesmo período de seu primeiro mandato, em 2005, quando enfrentava a crise do Mensalão. Embora o índice de desaprovação naquela época tenha sido semelhante (40%), a atual rejeição supera todos os registros anteriores de seus mandatos.

Perda de apoio entre eleitorado tradicional

Os dados mostram que a rejeição ao governo Lula não está concentrada apenas em setores tradicionalmente críticos ao PT, mas também atinge grupos que historicamente apoiam o presidente. Entre os eleitores de menor renda – faixa que ganha até dois salários mínimos – a desaprovação saltou de 34% para 41%, enquanto a aprovação caiu de 44% para 29%. Esse grupo representa mais da metade da amostra populacional entrevistada pela Datafolha.

No Nordeste, reduto eleitoral tradicional do PT, a avaliação positiva despencou de 49% para 33% em dois meses, uma das quedas mais significativas registradas. A insatisfação também aumentou entre os eleitores com menor nível de escolaridade, faixa na qual a aprovação caiu de 53% para 38%, e entre lulistas que votaram nele contra Jair Bolsonaro nas últimas eleições, segmento onde a aprovação caiu de 66% para 46%.

Esses números indicam que dificuldades econômicas e medidas governamentais impopulares estão afetando a confiança de bases eleitorais que sempre foram o alicerce do PT – uma situação especialmente alarmante para Lula.

Os fatores por trás da queda

O aumento na desaprovação do governo pode ser atribuído a diversos fatores interligados. Entre os mais destacados estão:  

1. Inflação dos alimentos:  
   A alta nos preços de itens básicos, como arroz, feijão e carne, tem pressionado o orçamento das famílias brasileiras, especialmente das mais vulneráveis. Apesar de promessas de medidas para conter a inflação, como a redução de tarifas de importação em alguns alimentos, o governo ainda não conseguiu apresentar respostas eficazes para o problema.  

2. Crise do Pix:  
   A introdução de mecanismos de maior fiscalização em transações acima de R$ 5 mil para pessoas físicas e R$ 15 mil para empresas, gerando uma possível taxação, iniciou uma grande crise na imagem do governo. Esse episódio forçou o governo a recuar e criou desgaste tanto nas redes sociais quanto entre a população.  

3. Problemas de comunicação governamental:  
   Declarações polêmicas de Lula geraram mal-estar, como a sugestão de que a população "deixe de comprar produtos caros" para lidar com a alta nos preços. A fala foi amplamente criticada e ridicularizada nas redes sociais, alimentando a insatisfação com a gestão .  

4. Desafios na articulação política:  
   Internamente, o governo tem enfrentado dificuldades em construir uma base sólida no Congresso Nacional para facilitar a aprovação de projetos e reverter a percepção de ineficiência administrativa.  

5. Comparações com Bolsonaro:  
   Uma parte do eleitorado, que esperava ações mais rápidas e contundentes por parte de Lula, tem demonstrado frustração. Enquanto Bolsonaro ainda figura como principal nome da oposição, muitos eleitores manifestaram insatisfação com promessas não cumpridas pela gestão petista, criando um ambiente de polarização ainda mais intenso.  

A leitura dos números da Datafolha coloca o governo em alerta, pois indica não apenas insatisfações com políticas específicas, mas também potenciais riscos para a continuidade de apoio ao longo do mandato. A queda drástica na avaliação positiva coloca Lula em uma posição delicada, considerando que uma aprovação baixa prejudica a governabilidade e fragiliza a imagem do presidente como símbolo das classes populares.

Com a oposição capitalizando os números de desaprovação, o cenário para Lula é desafiador, tanto para avançar com sua agenda de governo quanto para reconquistar eleitores insatisfeitos. Líderes de partidos de oposição, como o PL e o Republicanos, têm utilizado o momento para criticar a falta de ações concretas e assertivas por parte do governo federal.

Os números mais recentes da Datafolha funcionam como um termômetro que expõe as dificuldades enfrentadas pelo governo Lula nos primeiros anos de seu terceiro mandato. Entre um eleitorado que está mais exigente e um cenário econômico que desafia a capacidade de resposta do governo, a insatisfação popular coloca em xeque a estabilidade e a articulação política de Lula.

Enquanto o presidente busca resgatar a confiança do eleitorado e superar os problemas econômicos que afetam o dia a dia dos brasileiros, o tempo se torna um fator crucial para evitar que o desgaste avance ainda mais. Afinal, como já mostrado em mandatos anteriores, altos índices de reprovação podem ser persistentes – e difíceis de reverter. 

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