A arte e a contribuição dos povos indígenas na formação da Capital foram o destaque da terceira edição do Festival da Cultura Indígena, realizado pela Prefeitura de Campo Grande, por meio da Secretaria de Assistência Social e Cidadania. Pelo menos 200 pessoas tiveram a oportunidade de conferir o artesanato e obras de arte das etnias Terena e Guarani.
Principal atração do Festival, o concurso Mister e Miss Indígena coroou Fernanda André, 15 anos, da comunidade Vivendas do Parque e Caíque Martins, 19, da comunidade Marçal de Souza, como os novos embaixadores da beleza indígena da Capital.
O concurso movimentou mais de dez comunidades indígenas da Capital, que levaram para a passarela, 17 meninas e dez meninos das etnias Terena e Kadiwéu que desfilaram com trajes de gala e típicos, com o propósito de incentivar a autoestima e o orgulho dos jovens indígenas de suas origens e identidade. Representante da etnia Terena, Caíque Martins chegou em Campo Grande vindo de São Paulo há um ano e meio e falou sobre a importância do concurso em promover o empoderamento dos jovens indígenas e dar visibilidade às suas lutas, valorizando suas raízes culturais.
“Não tenho família direta aqui, mas tenho amigos, meus parentes indígenas que me acolheram”, disse ele, que pretende usar o título para desmistificar estereótipos sobre os povos originários. “Eu posso ter esse alcance de ir às escolas, poder explicar como é realmente a vida na terra indígena, e mostrar a nossa realidade”, afirmou Caíque, que planeja cursar Ciências Sociais e trabalhar por sua comunidade. “Eu cresci na aldeia, mas eu aprendi a querer saber mais sobre o meu próprio povo, a querer aprender mais sobre todos os povos que existem no Brasil. São 300 povos e 274 línguas que precisam ter visibilidade”, destacou.
Emocionada e surpresa com o título, Fernanda André contou com a ajuda dos pais e do cacique da sua comunidade, Adolfo Fonseca Loureiro, para expressar o significado da faixa que recebeu. “É uma é uma menina guerreira, dedicada e estudiosa. Estamos muito orgulhosos”, disse o cacique.
Os pais, Sebastiana André e Edelson Oliveira da Silva, contam que apoiaram o sonho de Fernanda desde o início e não escondiam a satisfação em ver a filha desfilando. “Eu torci muito, mas confesso que acreditava que ela ia ganhar, sim. Ela sempre quis desfilar”, afirmou a mãe.
“Desde os 13 anos eu tinha uma vontade enorme de participar. Eu via as pessoas com o traje típico e achava lindo”, contou a estudante, que apesar da timidez inicial, criou coragem com o apoio da família.
Já a dupla Elika Xavier, do Núcleo Ceramista, e Diego Fialho, da comunidade Parava, ficaram em segundo lugar e receberam a faixa de Miss e Mister Simpatia.
Quebra de preconceitos
O evento reuniu líderes, gestores e representantes de diversas comunidades. O público ainda pôde prestigiar apresentações artísticas, como a tradicional dança SepuTerena. O festival, que faz parte das comemorações de 126 anos de Campo Grande, reforça a importância da cultura indígena para a identidade da cidade, um tema que a Procuradora e consultora da ONU Indígena, Samia Barbieri, destacou. “É muito importante. Agradeço muito a colaboração do nosso município, que se envolveu e tem se envolvido cada vez mais. Tenho visto muita evolução nos direitos humanos e na assistência aos povos indígenas”, afirmou, ressaltando o avanço na luta por direitos.
Representando a Subsecretaria de Políticas Públicas para Povos Originários do governo do Estado, o cacique Josias Jordão destacou que o fortalecimento cultural promovido pelo evento. “É fundamental manter viva a nossa cultura. Cada um que está aqui, cada liderança, cada jovem, está participando de um momento de fortalecimento de nossas raízes, por isso agradeço o empenho de todos que contribuíram para a realização do Festival”, pontuou.
A Secretária de Assistência Social e Cidadania, Camilla Nascimento, definiu o Festival como um marco para a quebra de preconceitos. “Tudo isso tem um significado. O significado da vida. Temos que preservar nossa ancestralidade, porque ela também é o futuro, nosso sangue, é a nossa raiz. Esse evento representa a quebra de preconceitos e a construção de pontes entre povos”, frisou
Para Priscilla Justi, superintendente de Política de Direitos Humanos da SAS, o evento é mais do que uma competição. “O Miss e Mister Indígena é um ato de reconhecimento, respeito e valorização das raízes que ajudaram a construir Campo Grande. É um momento para que todos nós possamos aprender, celebrar e fortalecer os laços com as culturas que fazem parte da nossa história”, destacou.
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