Na edição da GloboNews da última quarta-feira (12), a apresentadora e comentarista política Natuza Nery comentou sobre a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que atribuiu a escolha de Gleisi Hoffmann para a Secretaria de Relações Institucionais ao fato de ela ser uma “mulher bonita”.
A pasta é responsável pela articulação política do governo e pelo relacionamento entre Executivo e Legislativo.
“É inadmissível, e não é nem para um governo que se vende como progressista. É para qualquer governo. (...) É inaceitável que o presidente da República dê esse tipo de declaração, o que levanta muitas dúvidas na cabeça das pessoas sobre a indicação, a nomeação de mulheres, porque parece que se faz só porque pega bem. Sendo que no Brasil a maior parte da população é feminina. (...) O que Lula disse hoje é grave. (...) De que adianta mudar a comunicação do governo, se o pensamento é antigo, machista, misógino?”, disse Natuza.
A fala ocorre poucos dias depois do Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março. Na data, o presidente chegou a compartilhar uma mensagem nas redes sociais. “Se me tornei três vezes presidente da República foi também para que toda mulher brasileira seja livre e viva plenamente seus direitos. Foi por isso que criamos, pela primeira vez na história do Brasil, um Ministério das Mulheres”, escreveu.
Em 25 de fevereiro, Lula tirou Nísia Trindade do Ministério da Saúde. Ela foi a terceira mulher a ser demitida do primeiro escalão do petista — todas foram trocadas por homens. As então ministras Daniela Carneiro, que chefiava o Turismo, e Ana Moser, titular do Esporte, deixaram o governo em julho e setembro de 2023, respectivamente.
O terceiro mandato de Lula começou com 11 ministras. Depois das saídas de Carneiro e Moser, o número caiu para nove, mas subiu para 10 após a demissão do então ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, em setembro do ano passado, por denúncias de assédio. Ele foi substituído por Macaé Evaristo. Com a saída de Nísia e a entrada de Gleisi, o governo segue com 10 ministras.
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Em julho do ano passado, em uma reunião no Planalto, o petista comentou o aumento da violência contra a mulher em dias de jogos de futebol, mas afirmou que, se o agressor for corintiano, “tudo bem”.
“Hoje, eu fiquei sabendo de uma notícia triste, eu fiquaei sabendo que tem pesquisa que mostra que depois de jogo de futebol, aumenta a violência contra a mulher. Inacreditável. Se o cara é corintiano, tudo bem. Mas eu não fico nervoso quando perco, eu lamento profundamente. Então, eu queria dar os parabéns às mulheres que estão aqui”, declarou à época.
Em janeiro deste ano, durante evento em memória os dois anos do 8 de Janeiro, Lula afirmou ser “amante da democracia”, e não marido.
“É por isso que eu sou um amante da democracia. Eu não sou marido, eu sou amante da democracia. Porque, a maioria das vezes, os amantes [maridos] são mais apaixonados pelas amantes do que pelas mulheres. E eu sou amante da democracia porque conheço o valor dela”, disse Lula.
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