O avanço desordenado da urbanização em Goiânia e a intensificação dos extremos climáticos vêm pressionando os recursos naturais do Cerrado. Mas a solução para combater este desafio pode estar em um masterplan ambiental que acaba de conquistar destaque internacional. Liderado pela arquiteta paisagista Patrícia Akinaga e pelo arquiteto e botânico Marcelo T. Kubo, ambos do escritório Patricia AKINAGA Arquitetura Paisagística, Planejamento Ambiental e Desenho Urbano, em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG), representada pelo professor e pesquisador Renê G. S. Carneiro, o projeto foi apresentado este ano no American Society of Landscape Architects (ASLA), em New Orleans (EUA), conferência mundial de arquitetura paisagística.
A proposta parte do diagnóstico de que a crise climática em Goiânia não é pontual: secas prolongadas, aquecimento urbano, poluição e ocupação acelerada ameaçam serviços ecossistêmicos essenciais do Cerrado, como oferta de água, regulação térmica e conservação da biodiversidade. Nesse panorama, os parques urbanos presentes na cidade de Goiânia são essenciais para a garantia de qualidade de vida e resiliência do sistema. Em resposta, Akinaga, Kubo e Carneiro desenvolveram um plano que transcende a preservação: busca recuperar e redesenhar as infraestruturas naturais da cidade para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas de modo estrutural e duradouro. Sob o título “Abordagem Ecológica para Aprimorar a Biodiversidade em uma Tree City of the World”, o grupo traçou um diagnóstico detalhado de 14 parques urbanos estratégicos de Goiânia.
Como este plano pode ajudar a combater a crise climática
Patrícia explica que, se colocado em prática, esse plano pode mudar o paradigma do enfrentamento da crise climática em ambientes urbanos, propondo restaurar paisagens verdes urbanas e proteger nascentes hoje ameaçadas dentro dos parques urbanos. “A presença de vegetação nativa e corredores ecológicos aumenta a infiltração de água da chuva no solo, abastece os aquíferos subterrâneos e reduz o escoamento superficial, minimizando enchentes e a perda rápida de água, que aumenta a severidade das secas nos períodos seguintes. Lagos urbanos e sistemas naturais também atuam como reguladores térmicos, amortecendo as ilhas de calor e conservando a umidade local. Além disso, ao controlar poluentes e limitar a expansão de espécies invasoras, o plano garante que os ecossistemas mantenham sua capacidade de filtrar, armazenar e distribuir água, beneficiando diretamente o abastecimento hídrico e a resiliência ambiental da cidade”, complementa Kubo.
Diagnóstico e avanços científicos
O plano envolveu o mapeamento de 345 espécies de cianobactérias e algas, 178 de zooplâncton e 37 de plantas aquáticas e terrestres, incluindo a documentação inédita de espécies antes não registradas em Goiás ou mesmo nas Américas. Também foram catalogadas 243 galhas, estruturas que indicam a presença de organismos parasitas, em 210 plantas, evidenciando o papel dos lagos e fragmentos verdes urbanos como refúgios fundamentais para a diversidade da região.
Patrícia Akinaga enfatiza que enfrentar as mudanças climáticas é o eixo central do trabalho. “Nosso objetivo é ir além do plantio de árvores; é compreender e fortalecer os serviços ambientais que realmente garantem água, frescor e saúde urbana”, aponta. Marcelo resume: “O grande diferencial do masterplan é transformar dados científicos em ações concretas de manejo, restauração e investimento público, sempre priorizando soluções baseadas na natureza”.
Reconhecimento internacional e articulação institucional
No congresso da ASLA, em New Orleans, a experiência goianiense foi mirada como referência por gestores, urbanistas e cientistas globais. O prestígio veio tanto pelo rigor técnico quanto pela capacidade de unir diferentes setores e transformar conhecimento em política pública, como ressalta Renê Carneiro: “Projetar no Cerrado é um exercício de articulação e criatividade. Só política integrada entre universidade, gestão pública e setor privado poderá criar respostas viáveis para a gestão da crise climática no contexto urbano”.
Atualmente, o projeto conta com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG) e apoio logístico da Agência Municipal do Meio Ambiente (AMMA), garantindo que resultados cheguem à ponta, viabilizando reestruturação de áreas verdes, manejo de nascentes, revitalização de lagos e campanhas educativas de participação popular.
A implementação do masterplan, segundo os autores, tem potencial para transformar não apenas as práticas de gestão ambiental em Goiânia, mas inspirar políticas em outras cidades inseridas em biomas ameaçados. “Ao valorizar o Cerrado dentro do espaço urbano, estamos investindo na própria sobrevivência das cidades e de seus habitantes. É disso que trata o planejamento ecológico para o futuro”, sintetiza Patrícia Akinaga.
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